Vasco Pinto Leite teceu duras críticas a demissão dos órgãos sociais benfiquistas e a antecipação das eleições para o dia 3 de julho. Segundo o antigo dirigente encarnado, a situação deixa o clube num "quase estado de sítio" e pode gerar uma "nova fase Vale e Azevedo".
"Estou indignado e acho que os sócios do Benfica não merecem ser tratados como atrasados mentais, que é o que transparece desta decisão", afirmou Vasco Pinto Leite, esta terça-feira, em declarações à agência Lusa.
Segundo o ex-dirigente das águias, a demissão da direção era "um cenário possível", devido "ao perfil do atual presidente do Benfica", mas Vasco Pinto Leite mostrou-se "muito surpreendido" com "a atitude lamentável do conjunto dos órgãos sociais", que contava serem "mais ponderados". "É bom que as pessoas tenham consciências de que o presidente do clube, sozinho, não poderia fazer isto".
«Nova fase Vale e Azevedo»
"Se houve unanimidade dentro dos órgãos sociais em relação a esta decisão, o que me admira, é sinal que o nosso clube está muito doente e necessita de radical transfusão de sangue. [A demissão e a marcação de novas eleições] É um acto de desespero e de fuga em frente de uma pessoa que quer forçosamente e a qualquer preço manter-se no poder. Tudo isto é muito preocupante. E não sei o que esconde. Mas não é muito normal e vai trazer fortíssimas divisões dentro do clube. Caminhamos para uma nova fase tipo Vale e Azevedo, que eu vivi. E que não deu grandes resultados, resultando numa divisão que demorou vários anos a curar", afirmou Vasco Pinto Leite, que em 1997 presidiu ao Conselho Fiscal da lista liderada por João Vale e Azevedo, apresentando a demissão seis meses após a tomada de posse.
Pinto Leite, que até ao início de 2009 foi administrador da SAD da U. Leiria, aconselhou Luís Filipe Vieira a ter em conta os resultados das recentes eleições para o Parlamento Europeu. "Devia olhar para o que aconteceu a José Sócrates nestas eleições europeias. É um exemplo recente e parece que não aprendeu nada com o que se passou com ele", observou, recusando a existência da instabilidade invocada pelos órgãos sociais "encarnados".
"Se existe instabilidade, ela tem sido causada pelo presidente do clube. E se isso até agora estava confinado a ele próprio, depois de uma decisão destas, nós percebemos que a instabilidade e o desnorte atingiram todos os órgãos sociais. Os actuais órgãos sociais deram um péssimo exemplo de como não se deve estar no Benfica, nada contribuindo para a evolução do clube. A coberto de uma pertença instabilidade, vão rasgar o clube de alto abaixo. Isto é uma decisão anormal e os sócios já entenderam isto".
«Sócios estão indignados»
Vasco Pinto Leite, que no quadro atual garante estar "preparado para ocupar qualquer cargo dentro do Benfica", porque "qualquer benfiquista tem de estar agora preparado para assumir responsabilidades", adivinha "uma grande surpresa para Luís Filipe Vieira nas urnas". "A maioria dos sócios estão como eu: indignados. Está-se a viver quase um estado de sítio no Benfica. Esta é uma atitude anti-democrática e os sócios do Benfica sempre tiveram muito pêlo na venta e sempre gostaram de poder decidir o futuro do seu clube. Acho muito difícil que isto seja aceite com facilidade".
IN RECORD
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